por Marcos Camargo Jr
Parece contraditório mas o Fusca um dia já foi um carro revolucionário. Quando foi projetado por Ferdinand Porsche, em 1932, 78 anos atrás, era uma proposta inovadora, algo quase impossível. E não era novidade, pois o brilhante engenheiro usou o melhor da tecnologia disponível naquela década para fazer um automóvel seguro, viável e sobretudo barato. O austríaco Ferdinand Porsche uniu o design aerodinâmico de um modelo chamado “Standart Superior”, com a mecânica refrigerada a ar já aplicada nos carros da Tatra (Tchecoslováquia) e aprimorou tudo isso, criando um novo produto.
Hoje, 22 de junho é celebrado o Dia Mundial do Fusca, pois nesta mesma data, em 1934, foi assinado o acordo entre a Ferdinand Porsche GmbH e a Associação Nacional da Indústria Automobilística Alemã, o que resultou no primeiro protótipo do chamado NSU, que por fim foi batizado de Volkswagen (carro do povo).
Um dia este carro, que é considerado o maior case de sucesso da indústria automotiva, foi inovador. Não foi fácil, pois Adolf Hitler, que aprovou o projeto, disse que o carro deveria comportar uma família média (dois adultos e três crianças), alcançar e manter a velocidade de 100Km/h, e o consumo médio de combustível deveria ficar em 13Km/litro, ser confiável e de mecânica simples refrigerada a ar e preço de mil marcos imperiais, preço de uma motocicleta na época. E Ferdinand Porsche conseguiu, e superou as expectativas do governo alemão. Seu carro foi usado inicialmente na Segunda Guerra Mundial, mas após 1945 ganhou o mundo e fez sucesso por onde passou, inclusive no Brasil.
O que ele tinha de novo? Sua eficiência era o grande diferencial. Diferente dos carros da época, que eram caros, consumiam muito combustível e exigiam manutenção muito freqüente, o Volkswagen era robusto, confortável, econômico e barato. Mudou a história da indústria automotiva para sempre, e exigiu que as outras montadoras se modernizassem para oferecer carros populares e acessíveis.
Em termos de comunicação o Volkswagen também foi inovador. A propaganda mostrava a versatilidade de um carro diferente e acessível. A empresa explorou sua durabilidade para vencer as estradas nevadas e a capacidade de comportar cinco pessoas em um carro pequeno. No Brasil ele chegou com status de carro importado, e rapidamente conquistou os brasileiros. Imagine se um modelo revolucionário fosse lançado hoje por aqui, e em três anos sua matriz resolvesse implantar uma fábrica gigantesca, e logo no primeiro lote oito mil unidades fossem fabricadas e imediatamente vendidas? Isso aconteceu, mas foi em 1959. Alguns anos depois, de cada 10 carros fabricados no Brasil, sete eram Fusca. Em doze anos, já teríamos um milhão deles circulando em nossas ruas e estradas.
Porsche não criou nada, apenas aprimorou projetos existentes e os tornou viáveis. Em comunicação, a fórmula mágica não é a mesma ideia genial dos publicitários, que criam campanhas incríveis. Para nós jornalistas que atuam no ramo da assessoria de imprensa, o grande segredo é usar as ferramentas amplamente conhecidas: a pauta, o press release, a newsletter, e tantas outras, e torná-las viáveis, úteis e geradoras de novos negócios para os nossos clientes.
O Fusca conquistou outros mercados: foi para a Holanda, Suíça, Portugal, Espanha, e depois para a América, onde demorou para conquistar os norte-americanos acostumados com carros grandes. Muitas vezes, a comunicação passa pelo processo de adaptação, pois não existe um só remédio para todos os males. Na Casa da Notícia, atendemos empresas de todos os portes e “receitamos” soluções diferentes para cada perfil, alinhados com a estratégia do cliente, seja resolver uma crise, seja alavancar as vendas de um novo produto.
E o Fusca se consolidou, adaptado a cada país onde foi vendido. Por aqui o cardápio incluía desde o 1300 com carburador pequeno até o 1600 de dupla carburação, o Fuscão, o “Bizorrão”. Na Alemanha o Fusca chegou a ter até câmbio automático. E a comunicação também é oferecida em diversos pacotes, desde um serviço de clipping “Café com notícias” a uma estratégia de lançamento que envolve uma grande equipe trabalhando de forma integrada.
O fato é que muita gente torce o nariz ao ouvir falar do Fusca, mas também é verdade que sua inovação mudou o curso da história. O Fusca gerou experiências que deram origem a outros modelos: o “Zé do Caixão” (1600 4 portas), o belo Karmann Ghia, o TL, a perua Variant, os esportivos SP1 e SP2 e a boa e velha Kombi que até hoje é líder de mercado. Todos construídos sob a sua estrutura, e equipados com seu motor boxer refrigerado a ar, com o característico barulho agudo e contínuo, como “música”, dizem alguns, como eu que adoro acelerar meu Teobaldo no final de semana.
Assim como o Fusca, queremos escrever cases de sucesso ao lado dos nossos parceiros, construir e melhorar suas reputações. Todos nós, brasileiros, já tivemos, já andamos ou já cruzamos com um Fusca pela rua. Ele sempre esteve presente, numa parceria longeva, tal como a história que escrevemos juntos.
* Marcos Camargo Jr é coordenador de atendimento na Casa da Notícia, jornalista, colecionador de carros antigos e curte o seu Fusca 1978 nos finais de semana.