por Carlos Thompson
São Paulo, 12%. Esse índice nos apavorou nesta sexta-feira, dia 27 de agosto. O percentual de umidade que nos vem nos equiparando, há alguns dias, aos desertos do planeta. O ar seco faz muito mal à saúde. Mas o mais triste é perceber que nada fazemos para melhorar a qualidade do ar, enfim, da vida, na maior cidade do País, uma das mais importantes do mundo.
Vejo as pessoas jogando lixo nas ruas. Caminhões e motos com fumaça tóxica rodam tranquilamente pelas ruas e avenidas de São Paulo.
O transporte coletivo, uma das melhores saídas, continua muito ruim. O metrô, uma ilha de excelência, cresce a passos de tartaruga e está prestes a colapsar. Quem duvida, repare nos cercadinhos que têm a função de organizar o ingresso nos vagões. A conta não fecha: há gente em excesso, vagões de menos. Trens param de repente, enquanto outros manobram.
Ou seja, ainda estamos longe, bem longe, de uma solução viária cidadã para o patológico trânsito da cidade, que já não transita, se me permitem a imagem.
Há inspeção veicular obrigatória, mas veículos sem condições continuam empestando o ar e congestionando o tráfego. Que não trafega.
Outro subproduto deste país que estimula a venda de automóveis – mas que não cobra o uso dos impostos extorsivos na construção de avenidas, túneis, viadutos, estacionamentos públicos baratos –, é a extrema violência dos motoristas. Todos estressados, travamos uma guerra diária por espaço nas ruas. Então, neste funil, nós nos ofendemos, agredimos e até nos matamos.
Ainda bem que estamos em período eleitoral, no qual estes temas são discutidos. No qual aparecem as soluções. Errado, os candidatos não estão nem um pouco preocupados com isto, com as exceções de sempre.
Não há projetos, propostas ou ideias novas. Poderíamos combater um pouco do aquecimento da cidade pintando telhados e calçadas de branco, mas quem se preocupa com isto? Melhoraria ainda mais se todos os veículos públicos, e aqueles autorizados a rodar para e pelos governos utilizassem combustíveis não poluentes.
Nada acontece, contudo. E assistimos ‘carneiramente’ a esta loucura, enquanto lavamos as calçadas com água tratada, própria para beber, que é obtida de nascentes cada vez mais distantes, raras e cujo tratamento é caro. Ou mudamos e agimos rapidamente, ou a situação ficará bem pior do que os 12% de umidade desta sexta-feira.