Oi Pessoal,
Hoje estava lendo o Jornalistas&Cia Imprensa Automotiva, e eis que na coluna do Chicolelis, ele lembra de um episódio marcante que envolve nosso chefe e presidente da Casa da Notícia Nereu Leme.
A história é muito boa…. e pelos meus registros, aconteceu no início da década de 1980.
Boa leitura
Um abraço, Marcos Camargo Jr.
André Beer era presidente da Anfavea e vice na GM, não lembro em que ano foi. Acontecia um almoço da Anfavea (ou seria da GM? Memória!) quando, do nada, André se levanta e, em alto e bom tom, chama a atenção do Nereu Leme, reclamando vigorosamente de matéria na Folha, dizendo ele havia cometido um grave erro ao dar uma determinada notícia.
Silêncio total. E constrangimento também. Todos sabiam que ele, Nereu, que cobria o setor automobilístico na época, não havia escrito aquela matéria, que estava assinada por uma repórter do Folhão. Mas, como André Beer não atentou para este detalhe, tome bronca, Nereu! Não houve tempo para qualquer reação, o almoço acabou num clima de constrangimento geral, sob o silêncio elegante do Nereu, e fomos embora, de volta para a GM, em São Caetano do Sul. André foi informado de que o Nereu não havia escrito aquela matéria – que continha erros, sim – e que todos haviam ficado muito surpresos com a reação dele, André, um dos dirigentes, de todos os setores, que mais respeitou a Imprensa – inclusive a interna – em toda a sua trajetória na indústria automobilística.
– O que eu fiz? – foi a reação imediata e arrependida de Beer.
– Vou telefonar para ele e me desculpar –, disse, fazendo um comentário de lamento pelo erro.
Fiquei quieto.
Durante uns dias andei sondando o Nereu para saber do tal telefonema de desculpas, que não aconteceu.
Alguns tempo depois, um outro almoço (Anfavea ou GM? Talvez o Nereu lembre), com o mesmo público.
Lá pela tantas, André Beer pega um talher, bate num copo, levanta-se e, também em alto e bom tom, começa:
– No nosso último encontro eu cometi uma grave injustiça acusando um companheiro de vocês de não ter sido um bom profissional, noticiando algo que não aconteceu. Errei e peço desculpas ao Nereu Leme – e foi caminhando em direção ao Nereu, em quem deu um abraço emocionado, sob os aplausos de todos, principalmente daqueles que viveram os dois momentos. Nereu se emocionou.
Depois, na GM, comentou internamente: “De que adiantava eu ligar para ele, pedir desculpas particularmente, se eu o ofendera em público? Tinha que ser assim e me sinto muito bem agora, o Nereu é um grande cara e um ótimo profissional”. Assim é o André Beer, capaz de atitudes como essa, coisa que não se vê, e nem se viu, por aí. Obs: várias vezes eu e Nereu falamos sobre o assunto, sempre com emoção e respeito ao gesto do André.
Por Chicolelis, editor do DCarro